terça-feira, 20 de abril de 2010

A minha entrevista

Eu entrevistei a minha mãe, ela chama-se Maria da Graça e tem 40 anos. Ela falou-me do dia 25 de Abril e das coisas que fez nesse dia.


A Entrevista


A minha mãe tinha 5 anos, ainda não tinha ido para a escola e vivia perto do Porto. Estava em casa com a mãe dela (a minha avó), a irmã gémea e o irmão mais pequeno.

Eu-Mãe, de que é que te lembras desse dia?
Mãe-Lembro-me que ao fim da manhã o meu pai entrou em casa a dizer que tinha havido uma grande revolução em Lisboa e que o melhor era ficarmos em casa. Depois a minha mãe ligou a televisão e pôs-me a mim e à minha irmã sentadas à frente da televisão, que era a preto e branco e ficou ligada muito tempo.

Eu-E o que viste na televisão?
Mãe-Lembro-me de ter visto na televisão muita gente com cravos ao peito, nas mãos levantadas e nas espingardas dos militares que fizeram a revolução e passavam nas ruas de Lisboa, em cima de carros de guerra muito grandes. Foi por isso que as pessoas chamaram ao 25 de Abril a revolução dos cravos, pois foi uma revolução que se fez sem haver tiros nem mortes.

Eu-E porque é que fizeram a revolução?
Mãe-Havia muitas coisas que durante muitos anos as pessoas não podiam fazer e se as fizessem podiam ser castigadas. Por isso dizia-se que não havia liberdade e as pessoas revoltaram-se contra os políticos que estavam à frente do país na altura e o povo conseguiu mudar tudo o que não gostava.


Isto a minha mãe soube mais tarde pois na escola não lhe ensinaram nada do 25 de Abril. A história do 25 de Abril e os nomes de políticos e militares que a minha mãe hoje sabe foi aprendendo fora da escola, quando cresceu, pois como era muito pequenina não se lembra de quase nada.


Eu-E de que é que te lembras mais?
Mãe-Lembro-me de a minha mãe contar que nos anos seguintes ao da revolução do 25 de Abril o país ficou também com muita confusão, mas as pessoas andavam mais contentes pois já tinham liberdade para falarem em público e escreverem nos jornais sem serem castigadas. No entanto, muita gente aproveitou-se disso para também tentar impor as suas ideias aos outros, pois já podiam dizer tudo o que lhes apetecia, os operários das fábricas queriam ficar com as fábricas que eram dos donos delas e muita gente dizia que as terras não eram dos donos mas dos operários que trabalhavam nelas. Depois do 25 de Abril Portugal modernizou-se mas viveu uns anos de muita confusão e exagero, onde tudo era permitido, por oposição ao regime anterior (da ditadura) onde quase tudo era proibido e onde as pessoas tinham medo de dizerem o que achavam pois podiam ser castigadas.

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