quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Poemas ditos

E, na festa, diziam poemas... que eles escolheram, que tinham a ver com eles, agora e, talvez, no futuro.
Indiquei-lhes Fernando Pessoa, juntaram Manuel Antonio Pina, Cecilia Meireles e Antonio Gedeão.
Espero que sejam todos muito felizes.

Agora que nos separamos...

Olá,

chegado a este fim, não posso deixar de registar as palavras de incentivo dos meus alunos e de alguns de vós.

A homenagem ao grupo de futebol da sala neste dia sensibilizou-me bastante, no que revela das capacidades dos vossos filhos ( em particular aqueles que faziam parte da equipa) para superar as adversidades e a competição.

Este ano foi um excelente momento de aprendizagem, mostrando que mesmo quando a habilidade e a força não são iguais para todos, o espírito da equipa descobre recursos que permitem tudo superar.

Os alunos não estão na escola para serem ganhadores por si só, para ganharem contra, mas para ganharem com. Com as fraquezas daqueles que nos são próximos, sem nunca os excluir, tornando-os mais fortes, tornando-nos melhores.
A coleção de desenhos que os alunos me ofereceram como prenda de fim de ano, com acrósticos e alguns discursos a revelar já dotes de oratória e aquilo que têm revelado no nosso dia-a-dia demonstram que pelo menos eles com eles, teci uma rede de aprendizagem e confiança essencial, que espero lhes possa servir de modelo para futuras aprendizagens: ser positivo, não deixar ninguém para tras, conquistar o futuro com esforço e inteligência, ser perseverante.

E demonstrar sensibilidade. Ler poesia não nos faz melhores, mas pode dar um jeito. Não é a sua leitura, mas aquilo que fazemos dela que nos leva conquistar o mundo. O nosso. Sem invadir os dos outros.
O reconhecimento do esforço dos meus alunos levou-me a oferecer-lhes algum trabalho, alguma emoção. Espero que se possam aproveitar disso.
Agora, no futuro, quando quiserem, se a quiserem. Depende da leitura que levarem com eles.

Espero também que sejam felizes.
Até sempre.

--

José Virgílio M. Fragoso

P.S. 1. Vou fechar brevemente o sítio PICASA. Agradeço que se quiserem retirar algumas fotos o façam nos próximos tempos.

P.S. 2. AGradeço igualmente o jantar e o convívio com que quiseram despedir-se deste ano.

P.S. 3. Poema de Herberto Helder, para um dia o entenderem.... se se derem a esse trabalho.


Se houvesse degraus na terra...

Se houvesse degraus na terra e tivesse anéis o céu,

eu subiria os degraus e aos anéis me prenderia.

No céu podia tecer uma nuvem toda negra.

E que nevasse, e chovesse, e houvesse luz nas montanhas,

e à porta do meu amor o ouro se acumulasse.

Beijei uma boca vermelha e a minha boca tingiu-se,

levei um lenço à boca e o lenço fez-se vermelho.

Fui lavá-lo na ribeira e a água tornou-se rubra,

e a fímbria do mar, e o meio do mar,

e vermelhas se volveram as asas da águia

que desceu para beber,

e metade do sol e a lua inteira se tornaram vermelhas.

Maldito seja quem atirou uma maçã para o outro mundo.

Uma maçã, uma mantilha de ouro e uma espada de prata.

Correram os rapazes à procura da espada,

e as raparigas correram à procura da mantilha,

e correram, correram as crianças à procura da maçã.

Herberto Helder